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FUGAS DO MEU TINTEIRO

Imagens e palavras de um mundo onde há menos gente

FUGAS DO MEU TINTEIRO

Imagens e palavras de um mundo onde há menos gente

"Ave do rio"

João-Afonso Machado, 28.02.21

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Foi muito além.

Num voo inesperado ergueu-se a ave

e debandou e planou,

riu chorou piou

mas já não vem.

 

Disseram-ma ingrata.

Talvez.

A ave voou, riu e chorou piou,

assim se fez e foi na cata

de outro poiso em que poisou.

 

Vai então ave, te oiçam as gentes e digam

- riu e chorou piou,

enfim acalmou

 

que alguém na outra margem,

já finda a viagem,

lhe deu a comer o gosto de ficar e viver.

 

 

 

Desafio lápis de cor|Os citrinos

João-Afonso Machado, 24.02.21

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Em tempos que (há muito) já lá vão, as nossas caçadas às perdizes eram em Carrazeda de Ansiães, Trás-os-Montes, nos socalcos sobre o rio Douro. Jornadas dificílimas, iniciadas no alvor do dia e concluindo em almoços tardios em que toda a magresa ganha era compensada por uma feijoada de arromba e uns quilos mais... Anos e anos assim, um percurso de fome já sobejamente conhecido e, a páginas tantas, o lugar almejado de uma laranjeira quase estéril, às vezes oferecendo uma, duas, laranjas. Em bulha repartidas pelo grupo... A seu lado, uma poça de água onde cães e caçadores - estes de mãos em concha - sorviam ávidamente a pouca água para tantos sedentos.

(Lembro, uma vez, quase ter bebido uma rã; mas isso ficará para o episódio dos lápis verde-claros...)

Era assim a vida nesses lugares quentes de fruta doce.

Já no meu Minho, húmido, frio, sempre verde, as modas eram outras. Árvores citrinas não faltavam. Infelizmente, acrescento, porque a laranja, na sua época, era sobremesa das perigosas - a laranja, quem não a saiba lidar, expele um líquido venenosíssimo que (por exemplo) atingindo um olho, pode provocar a cegueira. Além disso, defende-se numa casca inexpugnável, mais a sua sobrepele, e uns gomos ácidos, corrosivos... Quando tal, até tem umbigo! Uma trabalheira que não paga o efeito. Sabedora desses meus temores, a minha querida Avó transformava as laranjas numa compota agridoce - aquilo ia casca, ia tudo, - no Inverno, em torradas com manteiga, o primor dos requintes. Mas isso era a Avó para o seu neto e afilhado. Antes de uma terrível revolução, o depois de a Avó me ter faltado, em que as laranjas se alaranjavam às refeições e a diplomacia aconselhava pretextos - a Mãe dá licença, ai, ai, ai? (as mãos aflitas, agarradas ao ventre...) -  para me levantar mais cedo, assim dispensando a sobremesa...

Ainda na mesma coloração, as tangerinas, outra música. De casca leve, pesando, e vergando ao seu peso, as tangerineiras, doces, sempre doces, bolinhas doces que iam de um trago só, sumarentas, sem peles, sem espicharem..

(Santo Deus, quando a laranja da sobremesa dava para ser seca, iliquida!!!)

E finalmente as toranjas. Enormes, quase melões em tamanho. A gente nova do campo contorcia-se filosofando sobre para que serviam as intragáveis toranjas. E foi uma tia de tanta saudade, alemã de nascimento (suprema gente germânica!) que, então, explicou: a toranja, cortada a meio, embebida em vinho do Porto, devidamente açucarada e comida com colher de chá, até raspar a casca, era um manjar. E era! O meio termo entre a acidez e o doce, vitamina C com força,  e as outras vitaminas todas, nem sei quais, assaz mais saudáveis, contidas na sacarose.

Depois... Uma égua engasgou-se com uma laranja abocanhada na laranjeira, Ia asfixiando. Veio o veterinário que somente sabia de vacas, porcos e vacinas dos cães... Foi o cabo dos trabalhos! Valeu a árvore ir rente, e ainda bem - a Avó há já tanto tempo não fazia a sua compota, e aquelas laranjas eram uma ameaça constante de semanas e semanas de mais do mesmo...

 

(Um desafio da Fátima Bento - https://porqueeuposso.blogs.sapo.pt/olha-cor-da-semana-459998)

 

 

As estradas sem fim de um Mercedes

João-Afonso Machado, 23.02.21

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Era de herança, o monumental Mercedes 300, e o Tio, não alto, magrinho, às vezes irritava-se... Guiava com umas luvas que nunca mais acabavam, indo só até ao nó dos dedos. A viagem levar-nos-ia da Casa da nossa gente, perto de Coimbra, até às delícias balneares da Ericeira.

Contas feitas, o Mercedes carregava onze pessoas: O Tio e a Tia, as duas criadas e sete crianças (eu, sobrinho, era o sétimo). Durante umas tantas horas de um percurso que infelizmente esqueci. Somente lembro o arejo da chegada, esse alívio, e alguns momentos de transe rodoviário em que o Tio, - homem dos toiros e dos fados - furioso com a manobra de alguém, abria a sua janela e explodia: - Ó coiro, vai para a recauchutagem!!!

De pronto a Tia lhe pedia calma. Que não esquecesse os miúdos... Lá atrás, as criadas caladas como ratos; nós - os miúdos - maravilhados.

As férias que se seguiam são volumes de recordações. Salta-me à cabeça aquela vez em que dei cabo de um joelho ao cair da bicicleta: horas a fio de espera pelo médico, para me suturar, rótula à vista... Já cheio de dores, muito puto, os Pais longe... Mas tinha ao meu lado o meu querido Tio, orgulhoso - é que estava mesmo! - por eu não chorar, e um Diário de Notícias, para entreter, que, pelo meio, me foi comprar ao Jogo da Bola!

(Os meus onze anos, onde eles vão!... De então para cá, fui cosido do cimo da cabeça aos pés e, felizmente, nunca dei parte de fraco...)

Décadas depois, parte substancial da tripulação do Mercedes já também debandou. Vive a sua vida eterna e os outros vivem-na cá em baixo com eles. Com as suas memórias. Também por isso escrevo: porque quero que os netos dos netos dos meus filhos, quando forem esquiar para Marte, se lembrem dos meus queridos Tios e do seu Mercedes, aliás interplanetário. Do mesmíssimo modo em que os tenho presentes, especialmente nesta altura, como o Tio bem saberá...

 

Por aí...

João-Afonso Machado, 22.02.21

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Vivi sempre à espera do Monstro. As gentes riam-se mas eu confiava. Ele havia de aparecer, de pescoço muito acima das águas e um olhar estranho, oferecido à minha interpretação. Maligno? Nem por sombras: somente atónito.

Porque percebeu. Entendeu que um tolo, para ali levado, vindo de longe, não o queria troféu, - somente um bocado conversado com a sua história. No agradável bebericar de um wkisky, em kilt, e o velho shake-hands britânico.

Amigos como sempre. Somente, caí na asneira de lhe pedir uma fotografia. Foi quando, sem mais palavras, imergiu, Até hoje... Meu Deus!, falei demais, o que possa narrar será sempre mentira.

 

Angra do Heroísmo

João-Afonso Machado, 21.02.21

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O dia é um lugar muito pequeno. Dá para pouco. E, nesse dia, o mundo até estava classificado nos respeitáveis e honrosos catarpázios do Património Mundial. Ninguém contradiga, Angra do Heroísmo é uma cidade linda, lindíssima.

Muito orgulhosa da sua História: dela partiu a armada de D. Pedro IV, a disputar Portugal com o seu Irmão, o Senhor D. Miguel. Foram heróis, esses militares? - não sei...; foram corajosos? - sem dúvida, foram. Provavelmente, foram heróis porque foram corajosos. E Portugal - Oh Senhor!, quem saberá dele?

Mas a Sé, a Igreja da Misericórdia, os jardins, praças e ruas... Tudo é para muito mais de um dia. Acrescendo o mar, o Ilhéu das Cabras, os anais da cidade. A fortaleza! Como no mais, uma memória incompleta amochilada nas minhas costas. Um bocado de vida ainda por compreender.

O tempo urge - é tempo de lá voltar. Com o suficiente vagar de quem escreve um poema sem caneta, apenas do coração. (Mesmo em silêncio, votando-o a D. Miguel...) Mas o que interessa, entretanto, o Passado? - o óbvio nada. Angra é Angra, um sul de cores portuguesas pintado em pleno Atlântico...

E o Ilheu das Cabras, as aves, o reino dos seus ninhos..., elas sim, alando-se, o sinal vital da liberdade.

 

A princesa renascida

João-Afonso Machado, 19.02.21

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Era uma vez uma Princesa tão gorda que só ocupava espaço. E não um espaço qualquer, nunca caberia na varanda do palácio onde a Família Real era aclamada pela multidão em baixo.

Acabrunhada, a coitadinha ocupou a torre de menagem toda, onde se guardava o tesouro do Reino. O povo andava descontentíssimo, o monarca desolado.

Sucedera, a Corte fora infiltrada por um pérfido espião que viciara a princesinha em chocolates. De tal modo, os seus Augustos Pais compravam todo o leite nacional e derretiam o tesouro Real importando cacau e a remunerar mestres chocolateiros suíços. Claro, pretendentes à Princesa – nem vê-los. Ela era um rombo financeiro em qualquer nação.

Constou, entretanto, ocorreria uma revolução e esse tesouro seria roubado. Sua Majestade rejubilou e ordenou ao Regimento de Lanceiros da Rainha fossem todos desatolar a princesa à torre e a levassem a um passeio.

Os revoltosos… convencidos que sacavam lingotes de ouro, surripiavam apenas chocolates – de leite, carregados de avelãs, nozes, amêndoas…

Regressando a Princesa… houve pranto e… saladas. Muitas saladas. Custou, mas… lá sobreveio o emagrecimento, a dança (que real umbiguinho!) e, belíssima, a Princesa dirige agora, também, a associação de protecção mundial de baleias e cachalotes. 

 

https://anadedeus.blogs.sapo.pt/era-uma-vez-uma-princesa-tao-gorda-que-26499?thread=86403#t86403

 

 

Desafio lápis de cor| O azul cobalto galináceo

João-Afonso Machado, 17.02.21

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Ela era indiscutivelmente gira. Tinha as pernas muito bem lançadas, um rabo perfeitinho e o peito roliço e branco; a que tudo acrescia a virginal expressão, logo acima da sua habitual gargantilha verde. Conhecia-a das suas passagens diárias no parque, seríam porventura vizinhos, e daí o costumeiro e circunspecto cumprimento, sempre retribuído. Mas, no rolar das semanas, aquela elegância, a beatitude da menina, entraram a tomar conta dele todo. E já não comia nem dormia, de tanto pensar nela. O resultado: tornou-se atrevidote.

Curioso, simpático ou atencioso em excesso, mesmo brejeiro. E ela, a menina, nada! Sentiu-se descoroçoado. Durante toda a vida ouvira gabarem-lhe os seus cabelos loiros, os olhos verdes. Desde sempre fora olhado num misto de admiração e temor, era o seu cabedal, o tórax e o pescoço, todo ele azul cobalto das veias salientes e vibrantes, sempre encarrapitado nas árvores mais altas, os bíceps contraídos, prontos para a próxima.

Fora isso que a menina, imbuída no seu santificado recolhimento, nem se apercebera. Pois num instante se pôs na barbearia, a encaracolar um pouco mais as madeixas, arriscando mesmo uma tattoo peitoral, o azul cobalto era a sua imagem de marca. Depois passou no ginásio uns dias a fio. E numa bela tarde primaveril surgiu no jardim, em tronco nu, a cabeleira igualzinha à do Rei da Selva. Num longo e muito macho grito, que quase o atirava da liana abaixo.

Mas a menina olhou, desviou-se e prosseguiu sem uma palavra. Deu consigo azulando, azulando, porque a cena não passara despercebida a uns tantos transeuntes. Vestiu então, rapidamente, uma t-shirt e enrabichou o cabelo com um elástico, enquanto desdenhosamente concluía - assim vestida de castanho, só pode ser de algum carmelo...

 

(Um desafio da Fátima Bento https://porqueeuposso.blogs.sapo.pt/e-ca-estamos-nos-outra-vez-456098)

 

 

Os sete anos do Porque Eu Posso

João-Afonso Machado, 16.02.21

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Em bom rigor, eu não conheço o blog da Fátima Bento, o Porque Eu Posso. Outrossim, troquei comentários com a Fátima Bento uma recente meia dúzia de vezes, como bloggers que ambos somos. Sei, no entanto, as suas «ondas radiofónicas» sobem ao éter algures nas cercanias de Setúbal... No resto, eu bastante mais metido comigo próprio, a Fátima voltada para o mundo, como logo se evidencia por esta sua iniciativa. O Porque Eu Posso, festejando agora o seu sétimo aniversário, há de ter barbas brancas, como as minhas, e umas entradas através das quais a blogosfera penetra e se humaniza. Explico, porque me parece importante.

Este é o espaço de todas as possibilidades, entre elas a triste realidade da mentira. Em regra, ninguém conhece alguém e vale somente o que se escreve e é impalpável. Onde  está a identidade das pessoas? Onde acaba a verdade e começa a fantasia?

Mediante o seu Porque Eu Posso, temos um ser humano - a Fátima Bento - temos confrontos, desafios, despiques, um contínuo trocar de ideias que nos aproxima, aplaina desconfianças e medos e, em definitivo, nos faz acreditar, a todos, que somos e que só por estarmos longe não nos vemos diariamente, mas quem sabe, alguma vez?...

... Alguma vez ganharei um sorteio, talvez seja desta. Talvez me saia um dos sete livros sorteados pela Fátima Bento.

O que desde já fica é o meu agradecimento por estas suas programações. E prometo-lhe: da próxima que me puser nas botas e der uma voltinha por aí - mania minha... - trago-lhe uma lembrança. Pode seu um queijinho de S. Jorge, Fátima?

Quem me lê, vá lá ao Porque Eu Posso e espreite e observe (https://porqueeuposso.blogs.sapo.pt/quem-quer-ganhar-livros-giveaway-458408).

 

Trancoso

João-Afonso Machado, 15.02.21

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Uma vila que ficou em nuvens, após rápida estadia: foi o tempo de chegar e o confronto com a velha muralha e a devida vénia a El-Rei D. Dinis, ainda recebendo a Sua noiva, a nossa Rainha Santa. No entrar da porta principal da praça, muitos homens de armas, lanceiros, as flâmulas todas da Nacionalidade. - Machado? Por quem sois! - E os amigos, guias nesse périplo, num instante nos confrontaram com a estalagem.

Eram os tempos dos nossos 40 anos. Dava para tudo: jantaradas folgazãs, passeatas, dormir a desoras. Sob uma escuridão que exigia espera fotográfica, num grupo sempre acelererado. E daí as poucas imagens trazidas. Aliás, tão poucas quanto as perdizes levantadas, em terras fáceis de planalto...

Mas ficou o retrato da Estrela de David gravada na pedraria granítica de uma esquina de Trancoso. Já muito noite, no virar de uma viela. Eram os mistérios silenciosos da vila, uma gente à parte dentro das suas casas, no mais são amabilíssimo acolhimento do quotidiano. Relata-nos isso a vida irmanada da actualidade. Somente... aquela estrela, decerto multissecular, era um aponte às catacumbas, a indicação de um refúgio. Pobres judeus da raia! E a história veio renanscendo entre ruelas e praças...

... A história do «abafador» de Riba Dal, nos Novos Contos da Montanha, de Torga. O homem eleito por Jeová para abreviar a morte dos agonizantes, antes que se ouvissem as campaínhas do Sagrado Viático do Catolicismo. Assim o moribundo morria matado, mas na Fé dele...

O «abafador», quando chamado. alto, magro, de parcos dizeres, sabia ao que ia. Não tugia nem mugia, conta Torga. Diria as suas rezas primeiro... Mas, de imediato, se lançava com o joelho ao peito do quase defunto, e as mãos ao seu pescoço. Em chegando o sacerdote de Cristo, tarde era, a morte antecipara-se...

Foi assim? Nunca saberemos. Apenas registo sinais inatingíveis de uma doutrina diferente. Sendo que, historicamente, enalteço a presença e a preserverança do judaísmo, meu Deus!, que és de todos os teus.

 

Um minhoto na Capital

João-Afonso Machado, 13.02.21

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Vai haver gritaria, mas o certo é que fui, pelos mais altos poderes, enviado a Lisboa para avaliar a maluqueira dos lisboetas nesta altura do covid. Missão: trazer ao Norte todas as evidências contra a ordem pública. Empreendimento por demais simples, conquanto arriscado - como se comporta aquela gente em tão profíqua maré pandémica?

Garantido o seguro de vida, parti. Mascarado, previdente, incógnito e desconfiado. Não era caso para menos... E, andando, andando, anotando um rol vasto de tolices, dei comigo na Praça de Alvalade: um espaço amplo mas perigoso, em que parei, desanuviei o nariz e contemplei.

Lembrei o Santo e o santo Amigo, seu estudioso, há muitos anos já no Céu. Muito chorado entre os principais da minha Família, esse grande Senhor. E estava eu em tais pensamentos quando ouvi tilintar.

O meu cabelo, a minha alva barba, não há máscaras que os disfarcem. Sei bem, as pulseiras no inverno ficam esquecidas na gaveta. Elas não se vêem, nem cumprem o seu sonoro dever, entre camisolas e casacões. Ainda assim, havia ali algo de um ritmo próximo, de sempre. Olhámo-nos: a mascara dela estava carregada de sinetas, faces abaixo. E eu já a fazer-me ao beijinho, a tirar o trapo de cima da boca, e Sua Excelência, - Não, não, todas as cautelas e mais algumas, vivemos um perigo iminente!

Obedeci. E nasalmente fomos discorrendo sobre Santo António, o padroeiro de Lisboa, nas decididas e aloiradas palavras da minha Amiga.

- Olhe que o padroeiro é S. Vicente - retorquia este minhoto, aliás muito devoto do santo, que há gerações tem nome nos primogénitos da sua estirpe... - Nada! É Santo António, é só ver pelo nosso feriado municipal...

Lá me tentei explicar. Na minha terra, o feriado é o mesmo, mas o orago é Santo Adrião. E, sem querer, aproximava-me. - Espere aí! Respeite o distanciamento social! Respeite a etiqueta! E ponto final, o nosso padroeiro é Santo António!

S. Vicente é assaz mais milagreiro. Nesta sua imprecaução, a minha Amiga, sempre cintilante, campaínhas em vez de pulseiras, e com tantas cautelas, espirrou caudalosamente, vazando a sua máscara e atingindo-me em cheio nos óculos.

- E agora? - vinguei-me - fico de quarentena? Valha-me Santo Adrião, S. Vicente e o conúbio de Santos Antónios, o famalicense e o alfacinha...

Ainda a minha loiríssima Amiga me quis convidar para almoçar, à laia de perdão. Tão assarapantada estava que esqueceu, o confinamento fechou os restaurantes todos...

 

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