Desafio lápis de cor| O rododendro
Desta feita, descobri-me a pensar na Pantera Cor de Rosa, do Friz Freleng, ou em sonhos que já rareiam, os sonhos da meninice... Talvez em alguma sobrinha minha, ainda bebé de berço... Tudo coisas muito do interior (mais não seja, do velho aparelho televisivo), e a vida faz-se de olhos cá fora, como a escrita só excepcionalmente há de ser confessional.
(O tema musical da Pink Panther era hipnotizante...)
Estavam as coisas neste pé, eu em agradável conversa com uma amiga, por acaso concentrados no azul celeste fim-de-semanal, com este rosáceo problema em suspensão, - estava tudo assim embrulhado quando, atentei finalmente, diante de mim, o rododendro!
O rododendro é uma árvore prestabilíssima. Ainda os jardins se pintam de nada, ainda as cameleiras, sonolentas, semi-abrem os olhos e a grande nogueira é um tronco com a barba por desfazer, ainda o inverno vai a meio e já o rododendro floresce de rosa. Tentando cantar ao desafio com o sempre reservado granito, a puxar pela vizinhança, que a hibernação caminha para o fim.
O óbvio, quantas vezes!, passa-nos estupidamente ao lado. O redodendro nunca saiu dali, ao que ele assistiu não assistimos nós, mas nele há ecos de dedicação e meiguice, de chefia e de maternidade. Há ciclos sobre ciclos, uma colecção inteira de décadas vindas de tão longe! Há muitas histórias de dor e saudade. Mas na cinzenta, musguenta, humidade dos invernos, o redodendro é sempre presente. A querer chamar o sol, quaisquer raiozitos de alegria que nos aqueçam a alma.
(Respondendo ao desafio da Fátima Bento - https://porqueeuposso.blogs.sapo.pt/tag/desafio+caixa+de+l%C3%A1pis+de+cor)