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FUGAS DO MEU TINTEIRO

Imagens e palavras de um mundo onde há menos gente

FUGAS DO MEU TINTEIRO

Imagens e palavras de um mundo onde há menos gente

A vaguear pelos Açores (VII) - O derby local

João-Afonso Machado, 17.04.21

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Foi numa manhã de absoluto silêncio, nos meus passeios pelas ruas...

Quase chegado ao porto de mar e ao estaleiro, inesperadamente, esse ruído inconfundível, as palmas, os "vivas" e os assobios, o gáudio, o clamor... E um súbito cheiro a futebol. Olhei adiante e logo dei com o dizer duma frontaria: Municipal da Madalena. Só. O barulho vinha de lá e o portal estava aberto.

Entrei, não havia quem me pedisse contas. Primeira nota: um relvado sintético. Elas, as equipas, fardavam de vermelho e negro-amarelo. Apurei então, os primeiros eram madalenenses, os outros das Lages do Pico. Apreciei devidamente os equipamentos, ambos com o respeito devido à originalidade. O jogo estava no fim e os locais acabavam de marcar o segundo, e decisivo, golo.

Como disse, entrei por ali dentro. O porteiro comia umas sandes encostado à bancada. O polícia de serviço olhou-me apenas como quem pensa - mas quem será este forasteiro? E eu auto-elogiei-me: seria, porventura, o primeiro continental a pôr o pé em tal recinto...

De futebol, propriamente, assisti sobretudo a um descomunal "tudo ao monte", com uma bola saltitando pelo meio.

Não demorou, ouviu-se o apito final. Não antes, um adepto gritara - É fora de jogo, Sr. Árbitro! - num tom que indiciava aqui a nada estavam os dois no café aos abraços, de volta de uns tremoços e umas minis. A turma dos da Madalena, os onze jogadores, atravessaram o relvado e deixaram-se ovacionar por uma numerosa claque de quatro um cinco membros. Oh! gloriosa multidão! Que apotéose! Enquanto isso, os lagenses recolhiam, macambúzios, aos balneários.

Deixei-me estar. Havia comentários de registo. Um qualquer madalenense foi comparado ao Luís Diaz do F. C. Porto. Não por outra razão senão por ser magro e despenteado. (Quanto isso me fez saudades do «Yazalde» do Souselas, que não acertava na bola mas equipava de verde-negro e era cabeludo até mais não...). Vi, ouvi e trouxe crença.

À saída, o rapazio do Madalena vinha já pelo passeio, em fato-de-treino com as namoradas em volta, muito apaixonadas. Camionetas? Não, o banho seria em casa. A almoçarada algures. Se calhar, com a malta das Lages... Tudo dispensando a cavalaria da GNR.