Dias desmascarados
Agora é o auge da mansidão do sol; e do tempêro das chuvas, apenas uns pingos, uns breves instantes de rega. Onde não esteja a verde monotonia dos prados, esperando a guilhotina breve, reina o multicolorido sem vasos nem dono. Por quantas leiras fora, as tréguas primaveris, tons e flores obedecendo somente à Criação. É a sua vez: que a gozem rebrilhando sempre....enquanto o céu não esquenta, as nuvens emigram e os solos torram sem defesa.
Descemos o vale, fomos ao topo da colina de lá, e regressámos no silêncio granítico da aldeia do monte. Os cães, esquecidos das codornizes, dobravam a pata dianteira ao zumbido dos abelhões, ou cheiricavam as borboletas jamais quietas, mas indiferentes, muito caladinhas a esvoaçarem os seus véus.
O supremo congresso floral está aí. Já chegaram quase todos os congressistas: restam alguns arroxeados a emparceirar com os amarelos. E os convidados especiais - as lagartixas, os magnos sardões de boca abrindo e fechando em banho-maria solar - foram tomando o seu assento nas pedras dos muros.
Os dias estão em paz. Neles passeio de mão dada, embalados pela magistral orquestra dos grilos e das rãs, lá longe.