"Instantes sem tempo"
João-Afonso Machado, 15.05.21
Longos passos de um cristal limpo.
Espera e ansiedade, o coração no limite
da impureza do sangue transparente e rasgado na dor
dos elos alados esvoaçantes.
Três poluentes dias.
Em bocados caindo de horas doridas
de espadas entre o pó e os precipícios onde morrem ilusões
e se erguem fantasmas vingadores de toda a incredulidade
(mesmo arrependida).
Uma tarde engasgada de sol e chuva.
No insensível pavimento das ideias
pequenos derradeiros afazeres em lugar meu, vislumbre de terra fértil,
e lápis que é carvão e vontade e arauto-eco
dos modos exactos de uma emoção.