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FUGAS DO MEU TINTEIRO

Imagens e palavras de um mundo onde há menos gente

FUGAS DO MEU TINTEIRO

Imagens e palavras de um mundo onde há menos gente

À boleia

João-Afonso Machado, 24.05.21

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Via-o, frequentemente, saindo logo de manhãzinha da sua villa magnífica, cujo giardiniere eu bem conhecia pela beleza da ragazza sua filha. Enfim, encontrávamos-nos, eu e ela, com assiduidade e bastante às escondidas...

Mas pontualmente o signore surgia no portão, o seu Lancia Appia roncando ainda mansinho, novo, acabado de sair dos catálogos, era uma das grandes sensações do ano e, neste 1954, outro mais não competiria decerto com ele. O rumo havia de ser o dos seus negócios em Roma, como confirmei dessa vez em que me ofereceu boleia.

Trajando com muita qualidade, penteada a rigor a sua cabeleira bem escorada em brilhatina, pró baixito mas cheio de actividade, conduzia assobiando, ambas as mãos no volante e uma velocidade constante. Tinha metido a terceira e a máquina avançava pujante.

Il motore ma que cosa meravigliosa! Che bel viaggio! E assim conheci e lidei com o novo Lancia Appia - eu e o carabinieri que, num apito estridentíssimo, o mandou parar e repreendeu al signore por causa da sua desabrida entrada na ponte Cavour, quase ceifando uma infeliz Piaggio -  Ma che fretta signore!...