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FUGAS DO MEU TINTEIRO

Imagens e palavras de um mundo onde há menos gente

FUGAS DO MEU TINTEIRO

Imagens e palavras de um mundo onde há menos gente

O Portugal...

João-Afonso Machado, 04.07.21

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Chego de longe, dos sons bravios dos touros à solta. Trago comigo as histórias todas, uma audição inteira dos dias ribatejanos. Ainda me coube no espírito o calor, a meteorologia com patas de arganaz no meu pescoço engravatado. Foi sofrer, mais foi uma disciplina. O sol, receptivo, lá ia perdendo o fulgor...

Noites de arrozais e folia. Na mão um copo, nos ombros um abraço. No tempo, todas as décadas de uma colecção que já é um museu. E, como sempre, gente oriunda de um rectângulo inteiro chamado Portugal.

Quis o Destino, os minhotos ficassem em maioria. E cantaram e dançaram. E recordaram as suas espingardas. Mais gozaram o amplo espaço que lhes era oferecido em tonalidades rosadas de pedras que não são as nossas. Na planura despida em que o mundo ali vai caminhando para o Tejo. 

No fim, as tribos conversaram e lançaram pacíficos desafios de acolhimento. À margem da estupidez e dos preconceitos. Havemos de ser a diferença entre uns e os mais, e a justeza de uma identidade inteira que outros nos querem matar.

Se nos restam apenas as espingardas? Nem por sombras! Restamos nós, o nosso modus vivendi, e uma geração que já casou e vai tendo muitos filhos. Não são as meras atoardas que destroem esta milenar conjugação ontológica. O Portugal de sempre está para ficar sobre as résteas dos cornos de betão.