Um ontem comigo
Posto embevecidamente diante dos elementos, sempre hei de confessar alguma perturbação do silêncio das palavras, aquando do levante do palrador bando de todos os papagaios e de todas as catatuas deste mundo. Nem vislumbro como o pressenti, mas partiam para o outro, dou-o por certo, partiam para o das almas penadas.
Ficou o absoluto sossego naquela encruzilhada de cores. Atapetando as dunas, a arte relvada dos senhores do golfe, por essa pele de pêssego pacificamente circuitando.
(Nunca joguei golfe, nem alcanço o seu sentido desportivo. Tanto faz: não seria agora que as minhas costas o consentiriam...)
Além, os jacintos e os cardos, outra vegetação de mais alto pé. Depois o mar, como uma flauta tocada do norte, e as areias dançando, a ondulação espumando no roldão das vagas.
Poderia ter sido a tarde toda, numa vontade teimosa de ordenar sensações e descobrir frases. Num crescer da maré que findaria em sageza, talvez em novos coloridos celestiais. Assim a sineta não se agitasse toda, a chamar para as lulas no prato.
Só do mutismo ninguém conseguiu trazer-me à superfície. Havia também sopa de peixe e eu, ainda agora deslumbrado, juraria embarcações ao largo, redes lançadas e vidraças inúteis, a mesa do almoço também ultrapassara o areal e navegava.