"Agosto"
João-Afonso Machado, 01.08.21
No tempo de ocultas palavras só minhas
procuro dias de ninguém mais,
o momento das grutas
ou o grito das luas
minguando quartos e tecendo linhas
no vagar das agulhas, comboios dormindo
em acalorados ramais.
Longe o mudo eco de dissolutas areias
de vozes pulhas, feias, nuas.
Sol, sol, as gentes são tuas,
leva-as que eu ficarei
em semanas opostas a onde vais.
(Tempo de palavras minhas,
grutas e gritos repousando
como ensonados ramais.)