"Os dois um dia"
Numa vinha matinal quase de nevoeiro
ambos, as armas
e o meu perdigueiro.
Foram muitas perdizes levantadas,
os tiros, penas poisando entre os bardos
na queda e, sempre arteiro, peças cobradas
pelo meu perdigueiro.
Sol alto de cartucheira vazia.
Um andar mais vagaroso de horas de salto
e a derradeira paragem,
a moita, esta menos afoita não fugiria
ao empenho garboso, tão prazenteiro,
do meu perdigueiro.
Três disparos, o último fatal,
mai-lo bom sorriso conhecedor
de quem sabe e muito pode…
- Filho dei-lhe um bigode, mas para quê essa dor
se vivemos o sem-tempo imortal?
Pois eu ainda inconformado (duas só e um coelho enganchado),
- Pai, Pai, isto foi trabalho inteiro do meu perdigueiro!