"O vitelo"
João-Afonso Machado, 23.12.21
Ouvi o adeus de uma voz sem som
como os olhos de um rótulo enganoso
no corpo sem ossos e casca de bom,
- bonzinho, repleto de beijos que há de receber
dengoso
a mamar na teta lamurienta
já despojada de haver
de uma vaca ferrugenta,
senhor e escravo dos seus desejos,
caprichos
- estes, outros, sangue, percevejos,
carne, peixe, mais bichos,
uma novilha um dia,
sorri, tenta
mas não a avia
e argumenta qualquer fantasia na morte lenta,
de tão torpe vida – o rumo final
o seu mal, fim e fumo, abrevia.