Burgos
Espreito a cidade do cimo da muralha do finado castelo. A catedral é a grande evidência e, mesmo onde estou, sinto os seus pináculos a comicharem as minhas narinas.
Acrescentaria, sem medo de exagero, esse templo imenso, a Catedral de Santa Maria, um parto do século XIII, quase absorve Burgos, pouco deixa aquém dos montes no horizonte, erguida a festo acima deles no gótico mais exuberante que pela Península possamos encontrar.
E em maré de comemorações natalícias, a catedral nocturna dá de si o melhor,
tomada de cores diversas, ângulos infindos, arestas cortantes,
ora mais quente, ora mais fria; ora menor, ora maior,
cercada de gente empunhando máquinas fotográficas ou, simplesmente, pasmando e passeando ao longo do seu logradouro, a Plaza de Santa Maria.
O resto da sua história, que é muita, temos nós, depois, de puxá-la das entranhas. Burgos foi a capital do Franquismo durante a Guerra Civil espanhola. Antes tinha sido o berço do romântico medievo El Cid Campeador,
crescendo ao longo do rio Arlázon, do qual os nossos Lima, Neiva, Cávado, Ave, etc, etc, se rirão desalmadamente,
conquanto não dispondo, talvez, de tão bonitas e alegres e bem frequentadas marginais.
Burgos é, por fatalidade, a noite espanhola também. E variadíssimos outros monumentos, arvoredos e momentos bonitos neles.
É um passeio sempre no início. É, acima de tudo, uma raça,
a do Perdigueiro de Burgos, a primeira estátua que topei, logo à chegada, a complacente expressão deste companheiro, uma justa homenagem que lhe fizeram os caçadores locais.