"Um tom mais claro de palidez"
Num repente contámos os anos e medimos a distância do tempo. Demos conta do nosso curvilíneo e imprevisivel segmento de recta. Conquanto a dança não parasse, nem mesmo com a morte de Gary Brooker.
Ainda o vislubrámos, voz dos Procol Harum, menos melódica em concerto na Dinamarca... E tornámos a dançar...
(Egas, no desenho que me ofereceste, sobre a minha secretária, meiguíssimo, a espreitar esbugalhadamente, de olhos calados a dizer o teu nome - tu!, tu!, tu!, artista, mulher querida, parte da minha alma...)
E a dançar permanecemos. Whiter Shade of Pale. Às vezes, com a prosápia do Conquistador. Porque nenhuma guerra venci que tivesse assim valido a pena.
Tudo a morte reúne. Um dia lá estarei - eu, o que falto - num baile em que Egas também dará o seu pézinho de dança. Mas para já a saudade. «As the miller told his tale/That her face at first just goustly/Turned a whiter shade of pale».
Não são fantasmas, somente as caladas e esvoaçantes mariposas: todos os intervenientes, Egas incluido, num momento feliz da vida. Porventura na palidez da emoção... Que contigo, minha querida, agradeço a Gary Brooker no baile imenso da Eternidade.