A "sagração do Dia" da Ana Eugénio
Aqui está um livro que em tudo me surpreende, até na proximidade no espaço de uma autora tão longe de mim nas suas origens. Uma obra plena de poesia escondida na realidade que os poetas também vivem. E o título é isso - a sagração da vida, a sua sacralização ou a sacramentalização do existir.
Imaginemos os oceanos por cenário. Então deparamo-nos com o hino cantado ao momento das águas no contacto com os nossos sentidos. Assim é também com a mais Natureza que se manifesta e se nos atravessa à frente: os ventos, o campo (ou a cidade...), o colorido vegetal e os caprichos do céu, as gentes em geral. A felicidade ou a ausência dela, o sol e a lua. Nós e os astros do firmamento, os lugares de todos os sonhos. Ana Eugénio é incansável na demanda das sensações que nos fazem ser.
Vivi toda a minha afinidade com esta sua atitude literária. Dentro da minha religiosidade que procura em todos os recantos e sentimentos o significado de algo que vai muito além do alfa e do ómega da individualidade. Ao ler Ana Eugénio ganhei um pedaço de quietude. Diria, até, de cumplicidade com uma autora que busca o que eu intensamente tento encontrar.
Por isso, em boa hora o seu livro diante da minha leitura. Em consagração da vida. E, por isso ainda, a minha homenagem com um pôr-do-sol, fascínio sempre repetido e sempre querido, tal qual a eternidade de que somos parte. Jamais a negritude das nuvens se equivalerá à luminosidade advindo logo depois.
Muito obrigado Ana! E muitos parabéns!