Fiquem lá com a praia toda
Assim a minha vida levou uma reviravolta: numa prosaica ida à feira. Ou no confronto do mundo lá fora, esse tal em que não comungo.
Em boa verdade, o meu objectivo eram as galinheiras, um resquício na minha alma nos tempos da saudosa Avó e madrinha - a capoeira toda em dia de sacrifício (como se a bordo de uma jangada Mediterrâneo fora...), as codornizes e os coelhos e os chinos... Mais o recanto das cerâmicas e o nosso galo de Barcelos, agora emparceirado com a sua galinha, numa monumental demonstração do Kama Sutra inteiro... E, finalmente, as mobílias de casa, uma delícia de anacronismo...
Aconteceu, de permeio dei com as barracas dos tecidos - roupa, texteis-lar e... toalhas de praia, que a época é delas. Não consegui evitar o olhar, muito menos a estupefacção!
Porque nunca imaginara dar de caras com o CR7 em tamanho natural e poses de Bruce Lee, uma mensagem subliminar - conclui - para quem gostar dela; ou uma mulher nua em pano (em pano, para que serve uma mulher nua???); e mesmo um atoalhado e atabalhoado verde-encarnado-amarelo com o traçado nacional e um campino, Fátima, um rabelo, se alguma vez me deitaria nesse resquício da propaganda turística de Salazar!...
- No mínimo já fomos invadidos pela China - congeminei. E logo desandei, na total certeza de que, sendo estas as matizes da praia, a praia não é lugar onde eu tenha assento.
Volvi ao rio. À lota. À petinga. Ao tasco. E às sombras. Sempre longe do areal super-hiper-povoado de hipotéticos CR7's e nudezes inúteis ou estapafurdias representações da Ditadura. Que a minha pele é muito sensível e os meus usos ainda mais.