Desafio Arte e inspiração|Uma Mãe
Ser mãe é dar o peito. Dar a vida que escorre de si. E ser avó também. Ser mulher completa, enfim. Com a descendência em seu redor.
Isto me disseram tantas idosas, por aldeias mil que percorri. Num tal equilíbrio de que saí convencido. Muito antes e além da arte pictórica e de um modo que já não volta atrás.
Foi quando esbarrei nas feições de Mary Cassat posta nos antípodas dessa crença.
Nada tinha a ver com a minha Mãe. A minha jovem mãe oscilante era mentira e não tratava das unhas quando os filhos se encostavam ao seu colo. Felizmente, a minha Mãe, ainda jovem, separava as águas e a sua prole, que foi muita, tinha o momento maior, as unhas da Mãe o remanescente. A Mãe jamais oscilou.
O expressionismo é a expressão dos sentimentos. Daqui à Moral é um passada miníma. E eu não diatribo sobre moralidade. Resta-me a manifestação de um quadro tão bonito quão triste, que felizmente não vivi. Mary Cassatt, onde estiver, saberá da sua vida. Ocupo-me mais reflectindo a vida da Mãe. Dela resultou um bonito retrato posto em destaque na nossa sala; e o seu ombro, o seu ombro querido no qual adormeci tantos serões antes de ir para a cama - esse ombro era só nosso, então, não da costura ou de outros afazeres.
Nem mesmo o palco de olhares no vácuo...
Tudo dito, Mary Cassatt, a Jovem Mãe Oscilante, é dotada da arte da pintura. Mas será, sobretudo, uma curiosa referência psicanalítica. E isso resulta dela própria, do seu quadro guardado na História.
(https://porqueeuposso.blogs.sapo.pt/o-quadro-desta-semana-e-558018)