A regata de algum dia
Ainda não foi desta vez... E fotografar "por dentro" há de ser imensamente mais interessante do que da margem... Partir da Afurada a bordo de um rabelo, dizer adeus à Foz do Douro e à Cantareira, passar sob o arco monumental da Ponte da Arrábida, deixar a Alfândega para trás, sentirmos a cidade antiga aproximar-se, as "docas" de Gaia também... Eis os tais trinta minutos não cumpridos na minha vida.
Não que não tenha já repetido multiplamente o trajecto. Mas nunca em competição, na regata dos rabelos, com data agendada para as tardes de S. João. Nela participam, cada uma com a sua embarcação, as principais casas vinhateiras durienses. Um homem à ré, sentado num cucuruto, olha pelo leme; outro pelo velame; na proa, vestindo a rigor a fardamenta do regimento, o Confrade; e pelo meio, qualquer curioso, nesse lugar que ainda não alcancei.
Segui a regata pela televisão. Era duas margens tristes, despovoadas, de todo esquecidas do entusiasmo de outros anos. Caladinhas, nada tripeiras. Sinal dos tempos...
Mas é sempre coisa digna de ser vista. Os barqueiros encarniçam-se e lutam pela vitória. Ao passar o Muro dos Bacalhoeiros, já se conhece o triunfador. A sorte coube, desta vez, à vela negra da Fonseca. Todavia será no rabelo da Ferreira que eu, para a próxima... eu seja ceguinho se não vai ser!