A vaguear pelos Açores (II) - Castelo Branco (Faial)
Em boa verdade, é nesta freguesia que se situa o aeroporto da Horta. A cidade fica perto e quase oculta as belezas de uma terrinha que - só aparentemente - circula em estrada larga, bordejada por modernas moradias e edifícios de grosso comércio. A Castelo Branco do Faial, debruçada sobre o Atlântico, carrega-se de harmonias afastadas da rodovia. Uma delas é a mansidão dos dias campestres em que o gado bovino e equídeo se irmana e decerto debate, desconfiado, pesarosamente, as malandrices do futuro.
Ora para poente, ora para nascente, Castelo Branco fica nos antípodas da dita opaca estrada. Onde o sol morre, levanta-se enorme o Morro de Castelo Branco, sobre um mar que conheci chão e chapinhando contra as rochas o tempo todo: horas e horas de um som que não cansa, musical como os relógios de parede. A zona constitui uma Reserva Natural, maternidade e bairro de gaivotas, cagarras e mais aves marinhas. Para pés bem calçados é visitável sem risco - e com o gosto de penetrar Atlântico dentro mais umas largas dezenas de metros.
Abaixo - logo abaixo do aeroporto - o pequeno porto de mar de Castelo Branco, decerto o início e o cansado chegar de tantos e tantos sonhos piscatórios a girarem em volta de atuns e mastodontes quejandos.
E, para o interior, a urbe, no centro da qual sobreleva a igreja paroquial. É um momento de puro basalto contracenando com o caiado das paredes.
Neste axadrezado não há peças para jogar, é a total imobilidade. Triste?
Pelo contrário! Incentivando a ficar e a observar até bocadinhos de arquitectura que abonecam o local. De um intenso sabor a paz. A uma vida sem pressas, contemplada no curso de todas as almas. A não impedir uma vontade de permanecer, irresistível, o canto do sempre. Afinal, voltar à algazarra porquê?