A Volta, a nossa querida Volta
Acabo de ganhar uma etapa. Creio, foi ao sprint, aqui no meu sofá, já não sei se patrocinado por uma lata de bolachas, se por uma fábrica de móveis. Enfim, faz calor e a Volta magnífica a suar na estrada e eu a regalar-me na sala. Viva a Volta, vivam as férias!
Ainda vamos andar nisto mais de uma semana. No fim de cada almoço, o programa segue entre montes e vales, a assistência a mimosear-nos com palmas, banhos de água fresca, palavras de incentivo. E nós, queda aqui, queda ali, a pedalar, pedalar... Alguém imaginará desporto mais sóbrio, mais de salão?
Chegaremos à montanha. As minhas almofadas transformadas em avioneta com pedais... Na berma, o público em xanatas aguarda-nos desde a madrugada anterior, vindo nas suas caravanas. Comeu frango assado e fez jús ao tintol do garrafão. O pelotão zune ao longo do asfalto e a minha camisola amarela mantem a postura no sacro encosto, esfolem-se os concorrentes todos, que na meta lá estarei primeiro, a vê-los chegar.
Venci e tenho direito à subida ao pódio. E ainda a umas beijocas das beldades. A Volta é isto, Marco Chagas todos os dias se refere à minha excelsa e ganhadora pessoa. Mesmo porque só participo na prova nacional, jamais - tal a minha humildade de campeão - nas restantes provas congéneres em França, Itália ou Espanha.
Há muitos anos é assim. Grande Volta, correrio esmagador! E Marco, - o mais fanhoso falar mundial, uma autêntica matraca, - o que seria a Volta sem os seus comentários? Então mas Agosto o que é senão isto? O mundo lá fora e a gente à espera de que a imensa vaga sossegue... Força, Marco Chagas, por muitas e boas giro-tours-vueltas e voltas!