Caravanserai
São as mil e uma noites no andar navegado e resignado dos dromedários no deserto. Um oriente de sons que Carlos Santana trouxe dos domínios dos emires com os seus quarenta ladrões da grande acústica.
Caravanserai, o álbum de 1973, perdido e recuperado pelo meu filho num velho mercador tessalonicense. Ligou-me e contou - Pai descobri o CD do Caravanserai; o pai quer que lho leve?
Claro que quero. Trouxe, ofereceu-mo, estou a ouvi-lo tantas tempestades de areia depois. Agora é noite entre as dunas, uma especial percussão de mistério, em breve o Song of de wind, Santana já não toca guitarra, dedilha a sua cimitarra.
Congas e timbales. Será o início do repasto e dos umbigos femininos voando sobre as almofadas. Cada vez mais frenéticos, o batimento aumenta. O abrigo torna-se populoso, expectante. Véus, albornozes, as estrelas cintilando no céu, vozes audíveis finalmente. Magnífico keyboard! Sempre a percursão e os lânguidos corpos das bailarinas, day by day terá dito algum britânico infiltrado, escondido na sua Stone Flower. Mais descontraídos os latinos, à La Fuente del Ritmo.
Contam-se longos, milhentos, passos do percurso. Enfim o descanso e os ecos neste abrigo das memórias de há tantos anos, no regresso do deserto com Carlos Santana.