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FUGAS DO MEU TINTEIRO

Imagens e palavras de um mundo onde há menos gente

FUGAS DO MEU TINTEIRO

Imagens e palavras de um mundo onde há menos gente

Da Costa Nova a S. Jacinto

João-Afonso Machado, 23.08.22

É o exercício militar da temporada, superiormente orientado pelo Almirante Z. ao leme. Com rotas de navegação diversas, incluindo a da lendária "nascente" da Ria por um labirinto de canais descobertos na baixa-maré. A tripulação é numerosa, o frio cortante e aqui o comodoro tem a seu cargo a captação de imagens e a busca dos famigerados bandos de flamingos. Mas a operação gizada para este ano previa apenas um raid sobre as sardinhas assadas de S. Jacinto.

O primeiro contratempo a bordo não se fez esperar: ainda o semi-rigido ia em aceleração, o assoreamento, um banco de areia no coração da Ria, meio metro de profundidade das águas e o encalhe. (O comodoro, de pé, compenetrado nas suas funções, quase foi borda fora com o solavanco...) E a embarcação, lavrando o fundo arenoso, logrou prosseguir, troando sempre, generosa em adeuses ao pessoal à vela

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já no horizonte se perfilava a moderna ponte da Costa Nova.

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Por todos os cais da Barra traineiras e navios mercantes atracados,

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paisanos acenando entusiasmados com o garbo da nossa máquina de guerra.

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Pescava-se muito, com ou sem sucesso,

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e este experimentado comodoro sempre trouxe consigo uma garça branca

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sendo preocupantes as notícias que corriam de récuas de javalis invadindo a nado e povoando a ilha onde só os marítimos fazem praia.

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Por isso nos mantivemos em alerta enquanto o nosso heroico Almirante Z. partia sozinho num reconhecimento top secret.

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Já S. Jacinto elevava nos ares os aromas da sua riqueza de pratadas e pratadas de sardinha assada.

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Terrinha lenta, inofensiva, servida por ferrys e atractivos restaurantes, sem torres, sem magotes de pares de cuecas; onde os reformados utilizam a cana de pesca como se jogassem a bisca à sombra. S. Jacinto chama por nós resmoneando entre dentes - Venham, venham, enquanto é tempo!... - E faz rebrilhar no sol algumas das suas pérolas habitacionais a desafiarem a migração minhota até ao último e solene embarque do comodoro.

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Um dia, quiçá... Entretanto, levado a cabo o saque, devoradas as sardinhas todas, havia que regressar.

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Viemos em nova corrida e tomámos a margem ilhavense pelo Canal Oudinot até ao Forte da Barra. Era o epílogo da epopeia imensa.

 

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