Da nossa Gazeta - o Comendador a banhos em V. do Conde
«Para gáudio dos verdadeiros vilacondenses, que de pronto assinalaram a boa nova, o Ex.mo Senhor Comendador Diogo de Lima, um cavalheiro perante o qual a nossa terra tirará sempre o chapéu, veio de férias e trouxe a gente sua toda.
Velho amigo da nossa Gazeta, logo nas primeiras horas da sua estadia correu a convidar-nos para um almoço junto das cristalinas águas do Ave, o dilecto rio que o viu nascer e crescer. Vinha S. Ex.cia pelas novidades locais, pelo jamais esquecido peixinho da nossa costa, acerca do qual S. Ex.cia produziu opiniões de excepcional valia.
Assim passámos uma tarde quase inteira, entre o robalo e o peixe-espada e o vinho duriense que os faz nadarem, espertíssimos.
Sua Ex.cia, o Comendador revelou-nos o seu segredo, o projecto que tenciona apresentar nas Cortes. Em síntese, só veraneará em Vila do Conde quem tiver, ao menos, três gerações para trás de prática balnear nas nossas praias. Afirma S. Ex.cia, conseguirá, como apoiante do Governo, alcançar este propósito que aplaudimos veementemente.
Competia-nos acompanhar depois sua Ex.cia ao novo e requintado hotel local, onde se encontra instalado. A sua já respeitável idade pedia-nos o apoio do braço e nesse coloquial propósito atravessámos a Vila com o estimadíssimo Comendador de Lima.
Sua Ex.cia, munido de um actualíssimo modelo kodack, fez ainda questão de um cliché com a D. Carla, a simpática e acolhedora proprietária do restaurante Patarata, onde tão agradavelmente almoçámos.
Dos familiares de S. Ex.cia, decerto dispersos entre os das suas relações, a mais notável gente da vila, nenhum alcançámos. Ressalvando, muito à distância, o seu mano, o prestimoso Dr. Eduardo de Lima, aliás visivelmente cansado depois de uma tarde devotada a quantas ânsias se cruzaram com o insigne obstetra que é S. Ex.cia.
Terminamos envidando a toda a Família de Lima, imensamente reconhecidos pela generosidade do Sr. Comendador, os nossos acalorados votos de uma estadia sã, tranquila e animada pela presença dos que lhe são mais queridos».
(Local descoberta nos arquivos da Gazeta de Vila do Conde, datada de 20 de Agosto de 1921; assina-a um desconhecido JAM)