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FUGAS DO MEU TINTEIRO

Imagens e palavras de um mundo onde há menos gente

FUGAS DO MEU TINTEIRO

Imagens e palavras de um mundo onde há menos gente

Este dia 4

João-Afonso Machado, 04.10.22

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Dos muitos que ofereci à minha Mãe, este foi decerto o livro de que mais gostou - O Poder do Silêncio, de José F. Moratiel, um dominicano. Eu havia-o comprado primeiro para mim, interessado no título. Depois a Mãe, no seu entusiasmo, tratou de adquirir mais não sei quantos para distribuir por pessoas amigas.

Relendo-o agora, confesso não me suscita a tão profunda impressão inicial. Há algumas linhas de raciocínio que se dispersam numa lógica menos convincente, ideias soltas e dificilmente compagináveis. Mas, ainda assim, está lá a referência ao Outono, a estação «arrasadora»: «Não perdoa nada. Tudo cai. Entra-se num período de morte. Mas é uma estação boa. As árvores ficam despidas. Não é morte mas é vida». E com a Primavera, tudo «germina, leveda. O silêncio pode ser um Outono em que tudo cai». E «só o silêncio nos devolve a consciência, passaremos a observar a vida sem dela sermos cumplices».

Há que interpretar. Por esta hora completam-se três anos que a minha Mãe nos deixou. Num silêncio de madrugada que «é um espaço para o encontro com o desconhecido. A passagem para o mistério dá-se no silêncio».

Um «silêncio de amor: silêncio de comunhão». É este - foi desde então - o meu falante silêncio com a minha Mãe.

 

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