Freixo de Espada à Cinta
O nome, parece, vem de um fidalgo - não se sabe quem, nem quando - que por ali adormeceu, certa vez, à sombra de um freixo enorme onde encostou a sua espada embainhada e cintada. E essa simbologia é bem evidente nos altos da vila, entre a torre do relógio e a igreja matriz.
Freixo de Espada à Cinta é uma vila tanina. É a sede do concelho mais a sul do distrito de Bragança. Do lado de lá do Douro estamos em Espanha. E a torre do relógio (de marca Jerónimo e fabrico bracarense) é, supostamente, a do castelo cujas muralhas os arqueólogos intentam desenterrar com uma bravura medieval.
Mas, a seus pés, o silêncio dos que por cá passaram e já partiram, montes fora, na infinitude do horizonte que cada um interpretará a seu gosto.
Não obstante, Freixo de Espada à Cinta foi, ao longo da História, berço - imagine-se! - de mareantes e marinheiros grados. E, sobretudo, do poeta Guerra Junqueiro. A casa dos seus pais, comerciantes dali, é hoje ponto de atracção turística e cultural e memória da sua infância, talvez da sua maturidade também.
De quando, já reconciliado consigo e com o mundo, cantava a sua Oração ao Pão:
«(...) Homem!/Vive por Deus!/Sofre por Deus/Morre por Deus!
E bendito serás na eterna paz,/Porque ao fechar os olhos teus,/Trigo de Deus, absorto em Deus descansarás!...»
Chegam entretanto, - profanamente, pecaminosamente - a estas paragens nacos suculentos da boa posta mirandesa, contrastando com tanta pureza e transcendência... Poisos para dormir é que são menos, quase nenhuns. A não ser, talvez, a vizinhança do pelourinho manuelino
onde repousam os decanos da vila, em bancada de muitas notícias e um solzinho quente, o melhor bálsamo para o reumático.