Madrid (II) - Entre a Calle A Tocha e o Paseo del Prado
O Hotel Mexico não é uma estância de luxo exactamente mas fica bem localizado, sobretudo para estadias breves. Assim o deixei, manhãzinha cedo, através da Calle A Tocha, rumo ao centro de Madrid. Nunca compreendi, porém, alguém que se admirou do meu propósito pedonal...
Não podia ser diferente. Tratava-se de tomar o pulso à grande cidade nos seus lugares mais afamados e também nas esquinas onde se vive a vida diária. Como o mercado Anton Martin, por exemplo,
um despreconceituado lugar dos residentes, a caminho da Plaza Mayor, onde encontraria o símbolo desta Capital.
Somente... o Natal tinha tomado conta dela. Fileiras e fileiras de barracas ajustadas todas ao tema Navidad.
Era o que lá se vendia: as peças múltiplas dos mais imaginativos presépios, sem novidade de maior entre as montras vizinhas.
Dando-se o caso de o cenário ser repetitivo - e os pais estarem já fornecidos - a costumeira diversão para a criançada, o malabarismo para o espaço crescer...
Pese embora, ficou a minha firme convicção de como os madrilenos gostam da quadra e a vivem na euforia das ruas. Na Plaza Mayor, orbitando em volta de Felipe III,
o segundo que nos reinou longe de deixar boas memórias...
Em Madrid os estabelecimentos preocupam-se muito em nos dar de comer. Com ou sem categoria. Mas bastará um quase nada de atenção para aprender a distingui-los. É um pouco a velha questão dos alumínios... Ou, se quiserem, das aparências.
Eu trazia no ouvido e topara no mapa (curioso como actualmente se despreza o papel em favor das biblias dos telemóveis...) a zona de apetite de Madrid de los Austrias. Pois a procurei, pois a encontrei.
Comércio! Comércio e mais comércio! O bródio do Natal consumista! Entre edifícios belle époque como se ainda fosse o renascimento das cinzas da Guerra Civil. Assim na Puerta del Sol, outra monumental praça carregada de polícia e de obras.
Não obstante os milhares de turistas e pregoeiros de outros idiomas, Madrid, indiferente à época do ano, era dos madrilenos. Das suas numerosas famílias
e das coberturas das fachadas a toldarem as vistas de quem chegava.
Regressei no meu passeio pela Calle de Alcalá. Regalei-me com o Palacio de la Independencia
e com a Fuente de Neptuno,
antes de me embrenhar no Paseo del Prado. Suspirei aliviado, envolvi-me em tons verdes e vozes de baixa rotação, dera a volta.
O hotel ficava logo ali, a tempo de uma tortilla e um copo de Rioja.