O nosso rali
A manhã desenha-se agitada nas avenidas. É o barulho dos motores, escapes turbulentos, um movimento estranho rumo às freguesias lá longe. São os candidatos a candidatos, sonhos a pesar nos aceleradores, diz-se agora - adrenalina. Tudo porque estamos em vésperas do rali.
Há muito ele vinha anunciado em cartazes. O rali, antes do mais, é uma excepção ruidosa aos vagares da nossa terra. Nunca (antes o fosse..) o circo das grandes máquinas do topo universal. Não, a coisa é caseira, revela talentos e... eu gosto de ralis devidamente doseados.
Gosto das máquinas transformadas, gosto do decor, gosto, nele, da amálgama de sponsors. Gosto de perícia na condução. E desse chinfrim ocasional nas vielas das nossos recantos.
É claro, não gosto das longas filas dos automóveis dos curiosos a tolher-me a passagem. Mas, o que se há de fazer? Mesmo porque uma boa máquina fotográfica vence imensas barreiras e eu gosto de fotografar.
(Sobretudo quando eles vêm de lá completamente descontrolados, a assistência a rejubilar - trau, contra as protecções! - e a gente a fazer uns retratos para guardar. No topo do bolo, a cereja, - se o bólide se larga em sonoridades intestinais, vulgos ratés, e um entendido qualquer, óculos escuros e boné de imensa pala, explica sobriamemente aos demais - O carro está a "dar" problemas!...)
O rali já foi. O milho enche as várzeas e os candidatos a candidatos roncaram em todo o empedrado do regresso, imaginando-se talentosos e com uma fila imensa de patrocínios o próximo ano.
Porque só então. Não nos podemos dar ao luxo do leite de vaca azedar com mais frequência...