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FUGAS DO MEU TINTEIRO

Imagens e palavras de um mundo onde há menos gente

FUGAS DO MEU TINTEIRO

Imagens e palavras de um mundo onde há menos gente

O Porta-Enxerto

João-Afonso Machado, 14.07.22

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Nos fnais de 2016, quando ali passei, fiquei surpreso com o estabelecimento: na fachada do Mercado Municipal de Famalicão, ocupando o espaço tantas décadas de uma drogaria em que, uma vez ou outra, comprava qualquer coisinha... Entrei, inteirei-me do que se tratava, tomei um copinho de branco e desandei, não augurando generoso futuro àquela aventura.

O Porta-Enxerto definia-se com um wine-restaurant-bar, tinha o seu horário de almoços, a tarde à disposição para uma bebida e um aperitivo e, à noite, abria às sextas, sábados e vésperas de feriados, com bocadillos e tapas. Fora isto, só por encomenda...

Correu meia dúzia de anos e, contrariando essas minhas reservas, o Porta-Enxerto traduziu-se no maior êxito. Os almoços, constituidos basicamente por um prato único (embora haja escolha alternativa), são dotados de uma imaginação prodigiosa e todos os dias surpreendente. Neles apenas os fritos não constam do cardápio. E a refeição global inclui a sopa de legumes, a prova de azeite, a sempre variada salada (alface, agrião, rúcula, massas, frutos secos...) e o prato principal, com a sobremesa a rematar. Os vinhos - a copo ou a garrafa - relevam como contas àparte.

Porque esta é uma casa de míriades de marcas vinícolas e preciosas. Nacionais e, grosso modo, europeias até longe. O espaço é reduzido e povoado de uma música repousante que tanto ajuda ao propício silêncio para uma conversa calma e bem mastigada.

Na imensa oferta nocturna tenho vindo a preferir as tapas, nas suas profícuas combinações de alheira, tortillas e salmão fumado. Já ao almoço confio sempre na surpresa, como - por exemplo -  o estufado de novilho com frango, feijão verde e cenoura... Nesse dia regado com um branco Lagar de Pias, vinho simples, servido muito fresco e a condizer com o adequado equilíbrio orçamental.

Mais acrescento o louvor à "torta de laranja" caseira. E a simpatia do Sr. Hermenegildo Campos, o proprietário, um homem de vistas largas na gastronomia e na política - ou não fosse ele um convicto monárquico à espera (como eu) do amanhã de Portugal.

Fica na famalicense Rua Capitão Manuel Carvalho este restaurante que, com a sua esplanada, a ninguém passará despercebido.

 

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