Passeata em Sófia
As suas raizes são antiquíssimas, mesmo a avaliar pela bem apresentada estação arqueológica, às voltas com os vestígios de uma cidade trácia. E depois Sófia andou de mão em mão, passou pelos romanos, pelos hunos, pelos turcos, até à definição do reino da Bulgária, pelo meado do século XIX. Enfim, deixando de lado as décadas da sua obediente parceria com a URSS, estamos já na actualidade. Mais precisamente, no seu gerador comercial e turístico, a longa e pedonal Praça Vitosha (frente à montanha identicamente chamada - 1700 metros de altitude!).
Aqui, de algum modo, poisaram as marcas mundiais de maior relevo e exigência financeira, e a companhia dos pombos também.
Mas tudo seria mais fácil, não fosse o temível alfabeto cirílico nas placas das ruas, nos dizeres das lojas. É o demónio a gente saber onde está e do que se trata. E muito há de lindíssimo nas redondezas da Praça Vitosha. Vamos abrindo os olhos, então, apontando-os aos múltiplos jardins,
às venerandas Termas Centrais, no presente o Museu da História,
ao Teatro Nacional Ivan Vazov
ou à estátua da mártir Santa Sofia (obrigada a assistir ao assassinato das suas próprias três filhas), a padroeira da cidade.
Nas costas deste referido monumento, ergue-se a maior igreja católica romana da capital búlgara. Acabamos de penetrar um louvável perímetro ecuménico, porque a sinagoga anda ali perto, bem como a mesquita Banya Bashia.
Ouve-se então um som lamuriento, prolongado, mesmo insistente. Cântico? Música? Não, somente o modo habitual de o templo islamita, de três em três horas, chamar os seus fieis à oração.
A maioria dos búlgaros, no entanto, é - pelo menos de tradição - ortodoxa. E o culto, no tocante a baptizados e casamentos, acelera muito aos domingos:
O local previlegiado, a igreja de Saint George, a decana do catolicismo do rito ortodoxo grego,
tão rica por dentro quão singela no exterior, onde fazem fila, ou se fotografam, os intervenientes e os respectivos convidados. Todos num certo jeito eslavo de caberem mal nos fatos e nos vestidos, decerto ansiosos pela mesa posta, a manga arregaçada e a cerveja pelo gargalo, o fatal bailarico.
Assim não seria nos severos tempos da Praça Nezavisimost, feita de edifícios do Partido Comunista de então.
Simplesmente, tropeçando o regime nos escombros do Muro de Berlim, os ditos "centros de trabalho" transitaram para outros ofícios, seja o caso de o edifício do Governo ou de museus. Vejam lá o que nunca nos foi contado durante tanto tempo!