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FUGAS DO MEU TINTEIRO

Imagens e palavras de um mundo onde há menos gente

FUGAS DO MEU TINTEIRO

Imagens e palavras de um mundo onde há menos gente

Santa María de Oia (Pontevedra)

João-Afonso Machado, 03.08.22

Ali junto ao mar, num recanto chamado Arrabal, a história quase milenar do mosteiro de Santa María de Oia construída no correr do tempo e da vida tão proficiente dos frades cistercienses. Possivelmente das suas ligações à lide marítima, seguramente da sua habilidade agrícola.

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O templo, de fachada barroca, está em obras efectuadas a bom ritmo e ainda hoje é a cabeça da parroquia. O propriamente dito mosteiro, o edifício que dava guarida aos frades, desde há muito propriedade do Estado, bem precisa delas também, mas o vagar dos responsáveis é manifesto. Assim a visita se restringiu, bem ciceroneada, aos claustros e a umas hortas.

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Claro que a arquitectura foi evoluindo, quase deixando esquecer o longínquo século XII em que tudo começou. O gótico impôs-se, o Renascimento não ficou à margem deste pontinha na Galiza e vale a pena circuitar esses espaços de recreio ou de meditação dos religiosos

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e uma certa confusão de pedras e vegetação que mais puxam à tranquilidade de um mundo adormecido em bom silêncio.

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Já no exterior, não é difícil percepcionar o que outrora constituiu as celas fradescas, sob nova perspectiva da torre sineira, imponente.

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O mesmo se diga dos derradeiros vestígios da vida campesina do mosteiro, pachorrentamente gozando o solzinho entre os visitantes

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ou regalando-se em sombras frescas e alaranjadas, sempre nesse desalinho que não repele, somente desperta saudades.

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Já em tais manifestações arquitectónicas oitocentistas, está a visita a chegar ao fim. Com oportunidade ainda para um relance de olhos sobre alguns documentos ali encontrados, porque o mosteiro, durante a guerra civil espanhola, também serviu de prisão das forças republicanas. (A cicerone foi parca em comentários ao Caudillo. Achei bem, a nação nossa vizinha bastante lhe deve, apesar de todo o ruído à sua volta.)

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Assim, pois, regressei, com alguma noção de a quem pertenceria a cabeça e o capacete boche desenhados numa folha exposta em vitrine. Cá fora, era agora a vez do mar.

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Estendendo-se até à primeira curva do planeta, lá longe, rochoso como o mosteiro, e quieto, sempre quieto, sem nos esclarecer se daria peixe e adubo de algas, ou até alguma incómoda visita de piratas gananciosos e matadores.

 

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