"Silêncio!"
João-Afonso Machado, 24.10.21
É hora do poema,
a hora da concentração,
- Ó Ema, ó Ema,
atende o telefonema
e diz-lhes que não!
- Que não estou nem sei de mim,
é a hora do poema
e tu conheces, Ema, velha servente,
eu fico doente,
nunca anjo, santo ou querubim,
diz-lhes Ema,
não sei de mim nesta escuridão.
Dás-lhe toda a razão, Ema,
sim, sim, sim,
e não! enfim,
nada de recados Ema,
olha-me pelo poema
não vás em rapapés,
(anoiteceu, o patrão faleceu…).
Silêncio! – impõe-te assim Ema,
por quem és!