"Soneto do sul"
João-Afonso Machado, 09.06.21
Diz-la longínqua sempre indo mais além,
Ilusão cardeal envolta em tule,
Falsa transparência, pulsão de azul,
Céu a mentir, está e não está também.
Ou no fim do horizonte grita – vem!
E eu parto. Sem temor qualquer que anule
Este querer partir, chegar a sul
A abraçar-te, abraçar-te vezes cem.
Vem nas horas da minha alma e desejo
Livre, na liberdade que almejo
Como desenhei grave fundo risco
No mundo apeadeiro ignoto, tão arisco,
Onde chegarei, sul, sul, no Verão
Nada querendo menos solidão.