Unforgettable
Alguém se me antecipara com o ramo de flores que seria o meu gesto instantâneo logo quando do nosso encontro, Maria Teresa, - Teresinha, se não levar a mal, que nós já eramos antes de os britânicos serem, e a mimosearem com o seu "Tessie" posto entre aspas, como quem perpetua uma alcunha só.
Mas conte, Teresinha, conte. Nasceu nos mesmos dia e mês de uma minha irmã e no ano da Rainha, ambas Isabeis. Tudo são malhas de uma rede qualquer que me conduziu aos repousos de Canterbury essa vez, Teresinha, para a conhecer e trazer comigo. Mas qual o destino da sua viagem em 1999, em pleno inverno, ainda tão nova?! E como lhe fico grato, Teresinha, por neste incomensurável formigueiro que é a vida ter adivinhado a minha chegada e esperado! Sim, só mesmo na pacatez de Canterbury, entre o esvoaçar das gralhas e as alucinantes corridinhas dos esquilos - só mesmo junto ao silêncio das suas pedras, memoriais gravados de tantos combatentes de outrora.
Conte mais, Teresinha, conte. Ask your loving memory. Fixou-se em Inglaterra já depois da Guerra Mundial, não foi? Querida Teresinha, sei, tenho a certeza, não casou. Sei também, tenho igual certeza, foi amada e acarinhada, jamais esquecida. Mas por quem? E em estes cinco anos depois (o que são cinco anos na eternidade do espaço e do tempo?...) continuo em Portugal tentando saber de si, dos seus dias e das suas cores, dos seus afazeres. Está a Teresinha a ver como por toda a parte é apetecida? Como todos ansiamos a presença dos seus 73 anos passados nesta migalha algures no Universo, sem história alguma além dos sentimentos de cada um?