"Xadrez"
João-Afonso Machado, 06.01.21
Eu joguei com o melro xadrez em manhã de geada
e ele saltitava perdido a cada vez
em que jogava.
Não sabia das peças, dessas mais valiosas,
o bispo, a torre, o cavalo,
a Rainha, Senhora minha.
O melro desconhecia meças,
ou quem morre, quem levá-lo,
jogadas morosas ficam-lhe além
porque o melro não sabe antever o sol
e por isso, sem cores,
deu o Rei a perder
rendido a amores,
alma mole sem compromisso,
sempre saltitante
o melro pintado das dores
de um amante.